quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A crise perto do fim?

Em dez de agosto deste ano, Evo Morales saiu vitorioso no referendo revogatório de seu mandato, que desde o começo foi rejeitado pela oposição. De lá pra cá, sua relação com a direita, que já não era fácil, só piorou. Os opositores passaram a ser mais radicais e violentos, os conflitos com os governistas foram inevitáveis, deixando mais de 30 pessoas mortas nos últimos dias.

Os conflitos se concentram nos estados governados pela oposição, Beni, Pando, Parija e Santa Cruz, onde os governos querem autonomia administrativa da capital La Paz, e maior participação nos impostos sobre os hidrocarbonetos produzidos naqueles estados, que atualmente são utilizados para financiar programas sociais do governo para as regiões pobres.

Em Beni, soldados do exército foram atacados por rebeldes. Em Pando, camponeses foram assassinados pelos radicais e o governador foi preso, em Santa Cruz e Tarija, mais mortes. Apenas para recordar, Beni é o departamento, onde o presidente Evo foi impedido de reabastecer seu helicóptero, tendo que pedir ajuda ao Brasil para voltar a La Paz.

Os maiores consumidores do gás boliviano, Brasil e Argentina, firmaram apoio ao presidente Evo e rechaçaram qualquer tentativa de golpe no país, porém, mesmo com o abastecimento de gás prejudicado, o presidente Lula afirmou que de forma alguma o Brasil irá atuar com militares e respeitará a soberania boliviana.

Para Lula, os países vizinhos irão ajudar de diversas maneiras, como proteger as fronteiras do contrabando de armas e drogas, oferecer ajuda no abastecimento de suprimentos e maquinários, e intermediar possíveis negociações de paz.

Nesta quinta-feira, governo e opositores buscaram acordo para selar o fim dos conflitos. O primeiro dia de negociações, em Cochabamba, contou com presença dos governadores opositores, do presidente Evo, comissões da Igreja Católica e observadores internacionais.

O encontro prevê um documento que contém o restabelecimento de negociações de paz, a desocupação das repartições públicas tomadas pelos opositores, e a investigação sobre o massacre de camponeses no departamento de Pando.

Caso a negociação não tenha sucesso os problemas se agravarão, as indústrias que dependem do gás boliviano terão que fazer racionamento de energia, diminuindo suas produções e desacelerando o crescimento da economia.

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